Eu sou tão do contra, que até quando a confusão toma conta
dos meus dias e pensamentos. Minha aparência é de pura paz e serenidade,
algumas pessoas até se atraem por esta aparente calmaria. Sem imaginar que
dentro deste coração há batalhas terríveis sendo travadas contra minhas crenças
e sonhos:
Minha mãe internada no hospital, fazendo tratamento e
descansando a cabeça para o mundo aqui fora. Enquanto eu uso o tédio das horas
para colocar minhas séries em dia (e Deus criou o notebook!). Entra um
enfermeiro para dar os remédios para mamis:
- BOA TARDE!
- [levanto os olhos] Olá. [voltando à tela do note]
- QUARQUER COISA É SÓ ME CHAMAR!
- [levantando os olhos] ham? ... ta ta... [depois de uma
semana no hospital, 12h por dia, não resta muita dúvida no ar] Gracias! [disse
sem olhar para os olhos dele]
Minha mãe:
- Percebeu que ele não tirou os olhos de você??? O_O
- Mãe... Tão te drogando? Tomou Vodka junto com o remédio
mulher!!??
- Espere...espere... Verás.
E em menos de trinta minutos, aquele mesmo enfermeiro passou
na frente do quarto três vezes e em cada uma delas, fingindo procurar algo.
Mas, antes devo esclarecer que o quarto fica no final do corredor, o que
dispensa passadas desnecessárias ali.
- Três vezes??? Para quem não tinha interesse algum... Ele está
bem agitado hoje.
- Ahhh [suspirando] Vou andar um pouco...
Fui dar uma volta boba pelo andar, para esticar um pouco as
pernas e espantar o frio. Fui até um balcão e me escorei para ver os papéis que
estavam lá por cima... E lá estava um papel com a oração de São Jorge, que eu
adoro e me identifico muito:
- São Jorge então??? [o enfermeiro de olhos estupidamente
verdes que estava agitado anteriormente, ali do meu lado parado e observando]
- É. [eu olho para ele, e sem ler] Eu andarei
vestido e armado com as armas de São Jorge.
Para que meus inimigos, tendo pés, não me alcancem, tendo mãos, não me peguem, tendo olhos não me enxerguem, e nem pensamentos eles possam ter para me fazer o mal.
Para que meus inimigos, tendo pés, não me alcancem, tendo mãos, não me peguem, tendo olhos não me enxerguem, e nem pensamentos eles possam ter para me fazer o mal.
- Nooooossa. Como... Vo...
- Fui!
-Espera.
[...]
Mais tarde minha mãe pediu para caminhar um pouco e eu fui
para dar um apoio moral ao seu singelo passeio pelo hospital. Estávamos
caminhando, quando avistamos o enfermeiro vindo em nossa direção... Se
aproximando e me olhando, quando minha mãe (super discreta) começa a rir:
-MÃE! Xiu!!!
Enquanto eu repreendia a minha mãe, não percebia que ele
estava quase na nossa frente e sem imaginar o que aquela pessoa muito estranha
faria, segui caminhando. Quando... Ele PULA na nossa frente igual um Lumpa
Lumpa e diz:
- Então as duas mocinhas estão só passeando!? Companhia?
- Não?
-Mas...
- Obrigada pela gentileza, mas estamos voltando para o
quarto. Minha mãe quer dormir um pouco.
- Ok. Me chama se precisarem de QUALQUER coisa.
[...]
No quarto, quando minha mãe tinha finalmente parado de rir,
ele entra e me olha:
- Estão bem?
-Sim... Obrigada.
- Fico feliz. [...] Vim só dizer tchau.
Eu apenas olho para ele e inclino a cabeça em sinal de
incompreensão do fato, enquanto ele se virava e ia. [...] Mas como impulso
ainda faz parte da minha personalidade, levanto e vou até a porta.
Coço a cabeça [para esconder a vergonha] desgrenhando os cachos:
- TCHAU então!
Ele se vira com sua mochila nas costas, camisa flanela e all
star. Sorrindo:
- Até...
2 comentários:
olhos verdes, camisa de flanela, all star, mochila... você dispensou?
uhsusahuihdsaiu
Maria Maria...
Saudades de vc...Mesmo.
Gosto tanto daqui, mas as vezes esqueço de falar pra vc.
Sobre o post: melhoras pra sua mãe! pq do jeito que vai, ela vai ter dores abdominais de tanto rir de vc fugindo do enfermeiro-solidário-compulsivo-apaixonado.
***
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