domingo, 26 de julho de 2009

The cure


Eu sou tão do contra, que até quando a confusão toma conta dos meus dias e pensamentos. Minha aparência é de pura paz e serenidade, algumas pessoas até se atraem por esta aparente calmaria. Sem imaginar que dentro deste coração há batalhas terríveis sendo travadas contra minhas crenças e sonhos:
Minha mãe internada no hospital, fazendo tratamento e descansando a cabeça para o mundo aqui fora. Enquanto eu uso o tédio das horas para colocar minhas séries em dia (e Deus criou o notebook!). Entra um enfermeiro para dar os remédios para mamis:
- BOA TARDE!
- [levanto os olhos] Olá. [voltando à tela do note]
- QUARQUER COISA É SÓ ME CHAMAR!
- [levantando os olhos] ham? ... ta ta... [depois de uma semana no hospital, 12h por dia, não resta muita dúvida no ar] Gracias! [disse sem olhar para os olhos dele]
Minha mãe:
- Percebeu que ele não tirou os olhos de você??? O_O
- Mãe... Tão te drogando? Tomou Vodka junto com o remédio mulher!!??
- Espere...espere... Verás.
E em menos de trinta minutos, aquele mesmo enfermeiro passou na frente do quarto três vezes e em cada uma delas, fingindo procurar algo. Mas, antes devo esclarecer que o quarto fica no final do corredor, o que dispensa passadas desnecessárias ali.
- Três vezes??? Para quem não tinha interesse algum... Ele está bem agitado hoje.
- Ahhh [suspirando] Vou andar um pouco...
Fui dar uma volta boba pelo andar, para esticar um pouco as pernas e espantar o frio. Fui até um balcão e me escorei para ver os papéis que estavam lá por cima... E lá estava um papel com a oração de São Jorge, que eu adoro e me identifico muito:
- São Jorge então??? [o enfermeiro de olhos estupidamente verdes que estava agitado anteriormente, ali do meu lado parado e observando]
- É. [eu olho para ele, e sem ler] Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge.
Para que meus inimigos, tendo pés, não me alcancem, tendo mãos, não me peguem, tendo olhos não me enxerguem, e nem pensamentos eles possam ter para me fazer o mal.
- Nooooossa. Como... Vo...
- Fui!
-Espera.
[...]
Mais tarde minha mãe pediu para caminhar um pouco e eu fui para dar um apoio moral ao seu singelo passeio pelo hospital. Estávamos caminhando, quando avistamos o enfermeiro vindo em nossa direção... Se aproximando e me olhando, quando minha mãe (super discreta) começa a rir:
-MÃE! Xiu!!!
Enquanto eu repreendia a minha mãe, não percebia que ele estava quase na nossa frente e sem imaginar o que aquela pessoa muito estranha faria, segui caminhando. Quando... Ele PULA na nossa frente igual um Lumpa Lumpa e diz:
- Então as duas mocinhas estão só passeando!? Companhia?
- Não?
-Mas...
- Obrigada pela gentileza, mas estamos voltando para o quarto. Minha mãe quer dormir um pouco.
- Ok. Me chama se precisarem de QUALQUER coisa.
[...]
No quarto, quando minha mãe tinha finalmente parado de rir, ele entra e me olha:
- Estão bem?
-Sim... Obrigada.
- Fico feliz. [...] Vim só dizer tchau.
Eu apenas olho para ele e inclino a cabeça em sinal de incompreensão do fato, enquanto ele se virava e ia. [...] Mas como impulso ainda faz parte da minha personalidade, levanto e vou até a porta.
Coço a cabeça [para esconder a vergonha] desgrenhando os cachos:
- TCHAU então!
Ele se vira com sua mochila nas costas, camisa flanela e all star. Sorrindo:
- Até...
  

2 comentários:

Luciana disse...

olhos verdes, camisa de flanela, all star, mochila... você dispensou?
uhsusahuihdsaiu

Anônimo disse...

Maria Maria...
Saudades de vc...Mesmo.

Gosto tanto daqui, mas as vezes esqueço de falar pra vc.

Sobre o post: melhoras pra sua mãe! pq do jeito que vai, ela vai ter dores abdominais de tanto rir de vc fugindo do enfermeiro-solidário-compulsivo-apaixonado.

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