sábado, 29 de maio de 2021

Caminho

 


Com 16 anos vivia um amor louco, que me tirava a razão e a paz. Sobrevivi a esta tempestade por dez anos, com cicatrizes e feridas abertas. Guardei tudo no bolso e segui em frente.

Depois disso tomei decisões que me levaram á vida adulta, com mais certeza, mais seriedade e esperanças.

Por vezes me sinto criança sem resposta que procura o colo e a compreensão da mãe, mas a vida não é assim. Nunca é.

Estou em um período que tento me recordar as agruras que vivia na adolescência, quando eu amava mais que do que o meu juízo poderia permitir. Não tinha critério do que era concebido por normal e salutar.

Amava escrever e sentir que todo o mal fluía para fora através da escrita.

Até que um dia eu quebrei. Não. Melhor: fui quebrando. Coisas muito ruins aconteceram e eu não sabia o que fazer, fui transformando tudo em rolo de lã e tentei engolir, mas não passou.

E fui vivendo quebrada, deixando meus pedacinhos por aí. Tentei focar em não reproduzir padrões aprendidos. Juntei as forças para ter uma profissão e sobreviver.

Não queria mais viver como uma personagem da Clara Averbuck, não me permitiria mais ser assim: queimando rápido, destruindo tudo por aí e vivendo na e da incerteza. Eu só queria paz.

Acho que quando a gente fica adulto, a gente só quer ter paz para um final de semana na praia, um café da manhã demorado no domingo, um banho quente no final do dia, uma refeição quente em um dia de frio, ouvir música em um sábado de noite, sentir cheiro de chuva no verão e sentir a tranquilidade de uma noite de sono.

O percurso é bem difícil, fico perdida em vários momentos. Bate medo com frequência e a certeza não existe. Mas está tudo bem, importante é saber onde quero ir e vestir meu manto.  

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